Contraproposta relativa aos Caixas de Resistência (1869)

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"Reação a um relatório da Seção Central de Genebra da A.I.T., aprovada em uma sessão da Aliança em 14 de Agosto, 1869”.

Contraproposta

1) Deve ser criada em cada Seção, corporação ou sociedade na Associação Internacional um Caixa de Resistência [Caisse de Résistance].

2) A fim de formar esse Caixa, cada Seção ou Sociedade Corporativa, por decisão tomada em Assembleia Geral, modificável por Assembleias posteriores da Seção ou Sociedade Corporativa, imporá [a contribuição] a todos os seus membros, sempre em conformidade com a taxa de seus salários.

3) Nenhum membro, exceto em casos muito graves, como o desemprego forçado, infortúnios familiares ou doenças prolongadas, casos que serão sempre reconhecidos pela Assembleia Geral da Seção, pela Comissão, ninguém pode evitar o pagamento desta contribuição, sob pena de exclusão pronunciada pela Assembleia Geral da sua Seção.

4) É permitida para várias ou mesmo todas as Seções ou Sociedades Corporativas de uma única localidade juntarem seus fundos individuais em um único fundo local.

Mas que a união deva ser inteiramente voluntária por parte de cada um, nenhuma Seção pode ou deve ser forçada a se unir até mesmo por uma maioria que represente todas as Seções de uma localidade.

A Seção que se recusar desta forma a fundir seu Caixa de Resistência individual junto a todos os outros, desde que permaneça fiel aos Estatutos Gerais, nacionais e locais da Associação Internacional, irá preservar todo o seu direito à solidariedade de toda a outras seções.

5) Todos os custos que os membros têm de cobrir como membros da Associação Internacional, tais como os custos da Seção e do Comitê da Seção, os custos da Comissão Cantonal, do Comitê Federal assim como do Conselho Geral, os custos dos delegados de propaganda e dos delegados para os congressos, os custos da Revista, do Círculo - e se eles também quiserem, dos fundos de ajuda e defesa, em suma, todos os custos comuns e suplementares, serão retirados dos Caixas de Resistência das Seções.

As subscrições, exceto em casos extremamente graves, reconhecidas como tal pela Assembleia Geral de todas as Seções de uma localidade, são absolutamente proibidas.

6) - Cada Seção ou Sociedade Corporativa irá determinar a soma mínima que deve constituir adequadamente seu Caixa de Resistência, que nunca pode ter qualquer finalidade, a não ser manter a guerra, isto é, os direitos dos trabalhadores contra os patrões, quer para nutrir a sua própria resistência, ou fazendo, como um empréstimo, obrigatoriamente, ou como um presente de ajuda das outras Seções da localidade, nações ou de outros países, quando a necessidade desta ajuda foi conclamada pelos respectivos Comitês.

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7) - Cada Seção, a seu próprio risco e perigos, tem o direito incontestável de auxiliar qualquer outra Seção, mesmo que sem qualquer recomendação por parte de qualquer Comitê. Mas isso só é moralmente obrigatório no caso de ela ter um pedido formal, quer por parte do Comitê local, ou da Assembleia Geral de todas as Seções da localidade ou do Comitê Federal, ou da Comissão Geral.

8) Neste caso, cada Seção ou Sociedade Corporativa impõe a si própria o empréstimo que, de acordo com a situação do Caixa, é capaz de fazer.

Das greves

A experiência tem provado nas Seções internacionais de todos os países que a greve é uma arma muito perigosa, que, sem dúvida, dá golpes muito perceptíveis nos interesses dos patrões, mas que também quase nunca falha em abrir um ferida profunda nos interesses dos trabalhadores.

Greves, inquestionavelmente, por manter uma agitação saudável entre os trabalhadores, inflama em seus corações um profundo ódio contra a exploração burguesa, bem como revela a depravação da presente organização social, e assim contribuem muito para tornar a nossa propaganda mais incisiva e mais viva, mais profunda e mais ampla. Cada greve bem encerrada nos trouxe novas Seções. - Mas, ao contrário, as greves que não foram bem sucedidas desmoralizaram os trabalhadores, mataram sua confiança na Associação e os arruinaram. Quem não sabe que mesmo os ataques mais felizmente encerrados são sempre acompanhados por sofrimento e sacrifícios materiais muito graves?

De todas estas considerações resulta:

1) Que nenhuma Seção pelo seu próprio interesse deve decidir a greve, exceto nos três casos: Ou quando o estado do mercado seja tal que o triunfo será certo ou fácil - ou quando os patrões desejem piorar a situação dos seus trabalhadores; ou, finalmente, quando eles queiram fazer o menor dano, quer contra a dignidade individual dos trabalhadores, ou contra o seu direito de associação.

2) Cada Seção ou Sociedade Corporativa é perfeitamente livre para começar uma greve de forma isolada, sem pedir o consentimento de ninguém. Mas ela deve então saber que isso prejudica o princípio da Internacional, e apenas quando ela não demande ajuda e quando não tiver que recorrer à solidariedade de ninguém. - A decisão tomada isoladamente por uma única Seção não pode e não deve conduzir as outras Seções a um ataque involuntário; caso contrário, isso seria pura exploração, a exploração desonesta da fraternidade dos trabalhadores.

3) Todas as outras Seções não só tem o direito, mas o dever de recusar ajuda para a Seção que começou uma greve sem consultá-las e sem ter obtido acordo.

4) Para que uma greve se torne uma questão de solidariedade para todas as Seções de uma localidade, esta deve ser aceita pela Comissão local ou pela Assembleia Geral de todas as Seções dessa localidade. - Para que seja uma questão de solidariedade entre todas as Seções de um país, a greve deve ser proclamada pela Comissão do país, na Suíça de língua francesa, por exemplo, pelo Comitê Federal. - Para que seja uma questão de solidariedade para todos as Seções de todos os países, deve ser proclamada pelo Conselho Geral.

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6) - A alteração [1]

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NOTAS:
[1] A tradução de Shawn P. Wilbur encerra aqui.

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* In.: Bakunin Library. (http://blog.bakuninlibrary.org) Traduzido para o inglês por: Shawn P. Wilbur. Traduzido para o português por: Editores do Arquivo Bakunin.